REFLEX#1
EXPERIMENTADESIGN99
LISBOA

ESGOTADO!

Preço: 4000$00 / 19.95 Euro
Distribuição: Assírio e Alvim
ISBN 972-98330-1-x
Depósito Legal 152665/00

edição
Experimenta – Asssociação para a Promoção do Design e Cultura de Projecto

direcção
Guta Moura Guedes
Marco Sousa Santos

coordenação editorial
Levina Valentim
Inês Lamim

versão inglesa
João Duarte Ferreira

design gráfico
Mário Feliciano

O LIVRO

O objecto/livro que está nestas páginas é um reflexo, um dos muitos possíveis, da experimentadesign99. Um reflexo deste, ou do outro lado do espelho.
Guta Moura Guedes

Podemos afirmar que um dos objectivos da experimentadesign é o de rejeitar o previsível e progredir até onde a criação nos entender levar. Sendo este livro uma ínfima parte do que é passível de ser registado da primeira edição da experimentadesign, também ele foi concebido enquanto uma criação integrante do evento. É um livro que não se fecha no seu conteúdo, uma obra em aberto, tal como o evento que o originou.
Marco Sousa Santos

         
    ESPAÇOS  
   
Espaço (do latim spatiu) s. m. extensão indefinida; área; duração; intervalo; lugar; capacidade de um lugar.

As ruas são a morada do colectivo. O colectivo é uma essência eternamente agitada, eternamente em movimento que, entre as fachadas dos edifícios suporta, experimenta, aprende e sente tanto como o indivíduo protegido entre quatro paredes.
Walter Benjamin

O homem é o intérprete do espaço. Essa interpretação é executada através da confrontação de dois espaços concomitantes e complementares: o espaço interior, do individual, do particular, do ser (o que eu sou); e o outro, o espaço exterior, do colectivo, do geral, do mundo (os meus possíveis).
Diogo Teixeira

 
         
    OBJECTOS  
   


Objecto (do latim objectu, «lançado adiante») s. m. tudo o que afecta os sentidos; coisa material; matéria; assunto; fim; propósito; agente; motivo; causa; motivo de uma acção, de um sentimento; filosofia: o que é pensado, ou representado, enquanto distinto do acto pelo qual é pensado; aquilo cuja existência é conside-rada como independente do conhecimento que dele tem o sujeito pensante.

Não toques nos objectos imediatos.
A harmonia queima.
Por mais leve que seja um bule ou uma chávena,
São loucos todos os objectos.
Herberto Helder

No discurso antropológico dos últimos 20-25 anos tem-se assistido a uma valorização dos artefactos como um objecto de estudo importante para a antropologia: reconhecendo a sua omnipresença nas nossas vidas na modernidade; mostrando como os artefactos e os seus usos são suportes através das quais as sociedades se definem e reproduzem; mas, sobretudo, mostrando como a separação entre a concepção-produção e o consumo, própria da produção industrial, tem como efeito inesperado o fortalecimento do papel dos consumidores na definição dos objectos; como em certas circunstâncias as pessoas são capazes de se apropriarem dos objectos industriais e de utilizá-los na criação da sua própria imagem.
A mesma deslocação e ênfase no consumo, na posse e na utilização criativa e inventiva das coisas, tem sido realizada no discurso, e talvez também na prática, do design. Desde os anos 70 que no Japão se chamou ao consumidor um «designer de vida», atendendo a que uma grande proporção da população formula e expressa as suas vontades e quereres autonomamente, mais do que reagindo passivamente ao que num determinado momento aparece no mercado. Na antologia recente de estudos de design, organizada por R. Buchanan e V. Margolin, propõe-se também uma noção alargada de design, que inclua o projecto do quadro de vida – o que construímos para nós através do consumo, nas nossas escolhas e utilização das coisas oferecidas pelo mercado.
Não havendo, muitas vezes, coincidência entre os usos dos produtos pelos consumidores e o proposto pelos designers e fabricantes, parece-me estarmos perante um desafio posto aos profissionais de design de produto: como ter em conta no seu trabalho de projecto esta dimensão apropriativa no uso dos objectos que projectam?

 
         
    DESIGNERS E SOCIEDADE  
   


Sociedade (do latim societate) s.f. reunião de pessoas unidas pela mesma origem e pelas mesmas leis; relação entre pessoas; agremiação; associação; parceria; participação; convivência.

O Design como actividade estratégica – Identidade corporativa, reconfiguração da oferta e desenvolvimento local-global
Ezio Manzini, 3.526 caracteres
[abrir texto]

1. Have you been here before 2. No this is the first time
Não há nada mais aborrecido do que alguém que dá conferências.
Robert Wilson, 3.381 caracteres
[abrir texto]

As Cores de Mariscal
A história é contada a partir do Negro que, a pouco e pouco, é contaminado por diversos pontos brancos ou de luz, que se transformam em letras, números e símbolos.
Cristiana Pena, 2.700 caracteres
[abrir texto]

 
         
    OLD QUESTIONS, NEW ANSWERS?  
   


Qual é a sua definição de Design?
O Design será uma expressão artística?
Será o Design um ofício com propósitos industriais?
Quais são as fronteiras do Design?
Será que o Design apenas se preocupa com uma parte do meio-ambiente?
Constitui um método de expressão global?
Será o Design um processo de criação individual?
Ou será que resulta da criatividade de um grupo?
Existirá uma ética do Design?
Será que o Design implica necessariamente uma ideia de objectos utilitários?
Ou é possível que exista algum tipo de coexistência no sentido da criação de obras que transmitam puro prazer?
Será que a forma é obrigatoriamente uma consequência da análise funcional?
O computador irá alguma vez substituir o designer?
O Design implica uma produção industrial?
Será o Design um meio utilizado para transformar um objecto antigo através de novas técnicas?
Ou será que se trata de uma forma de tornar mais atraente um objecto já existente?
O Design é um elemento de política industrial?
Será que a criação no Design admite alguns limites?
Quais são esses limites?
O Design obedece a leis?
Existem tendências e diferentes Escolas de Design?
Será que o Design é efémero?

 
         
    LABORATÓRIO  
   


Laboratório (do latim laborare, «trabalhar», pelo francês laboratoire) s. m. lugar especialmente apetrechado para experiências ou trabalhos de índole científica; [fig] lugar onde se realizam grandes transformações ou operações.

Design/Arte – Arte / Design
A concepção mais generalizada (e banalizada) do design entende-o como um processo autónomo, intimamente ligado a fenómenos como a Revolução Industrial, o Movimento Moderno, a produção em massa e a sociedade de consumo. Como corolário dela, o design seria a invenção criativa de objectos destinados à reprodução seriada.
Rui Afonso Santos, 22.633 caracteres
[abrir texto]

Proposta de uma nova abordagem da reflexão acerca do design
Hoje, as sólidas barreiras, que se haviam imposto entre os diferentes domínios da criação, parecem estar em vias de demolição: os artistas plásticos assimilam os ícones do consumo e piscam insistentemente o olho ao design e à arquitectura nas suas interrogações acerca do objecto.
Chloé Braunstein, 10.027 caracteres
[abrir texto]

 
         
      MOVIMENTO  
     


Movimento (da raiz latina movere) s.m. mudança de posição no espaço em função do tempo; acto de mover ou de se mover; deslocação; evolução de ideias; impulso interior; estímulo; alteração; filosofia: passagem da potência ao acto.