«Os grandes exploradores do mar pensaram sempre numa escala mundial, porque as águas do mundo são contínuas e cobrem três quartos do planeta Terra. Quer isto dizer que, antes da invenção dos cabos submarinos e da telegrafia sem fios, 99.9 por cento da humanidade pensava só em termos do seu território local. Apesar do desenvolvimento recente da nossa intimidade de comunicação e compreensão popular da totalidade da terra, também nós, em 1969, nos encontramos ainda politicamente organizados inteiramente em termos da exclusiva e absolutamente obsoleta separação das soberanias.

Esta ‘soberania’ - imposta pela força das armas - ‘nacional’, à qual se encontram obrigados os humanos nascidos em diferentes terras, leva a uma escravatura cada vez mais severamente especializada e a uma classificação por identidades altamente personalizada. Como consequência desta escravizante ‘categorite’, perguntas cientificamente ilógicas, como veremos, e muitas vezes totalmente desprovidas de sentido, como ‘Onde moras?’, ‘O que és?’, ‘De que religião?’, ‘De que raça?’, ‘De que nacionalidade?’, são hoje consideradas perguntas lógicas. No século vinte e um, a humanidade terá percebido que estas perguntas são absurdas e anti-evolucionárias, ou então os homens terão deixado de viver na Terra.

Se não percebem porque é assim, ouçam-me com muita atenção.»


Buckminster Fuller, 1969